sexta-feira, 26 de maio de 2006

tragicomédia.


[...] a imaginação é uma faculdade da alma, a alma é o que nos dá a vida, a vida acaba na morte, a morte faz-nos pensar no céu, o céu está por cima da terra, a terra não é o mar, o mar está sujeito aos temporais, os temporais atormentam os navios, os navios precisam de um bom piloto, um bom piloto tem prudência, (...) a necessidade não tem lei, quem não tem lei vive como bruta fera, e por consequência sereis condenado a todos os demónios.
[esganarelo, d.joão. molière, acto v, cena 2].

deixem-me em dias imaginados, na alma viva de memórias futuras, longe da vida moribunda, acima das nuvens, longe das ondas que arrastam o sonho.
se me quiserem nessas ondas, que me deixem guiar o navio, de audácia na proa, sem prudência, libertando a necessidade.
que me deixem atravessar essas ditas tormentas, ser bruta fera, fera em bruto, condenada ao desmoronamento dos anjos, ao erguer dos demónios.

*fotografia de joana linda.

my own gene kelly.


quando rodeada de produtos que condensam ingredientes, frutos de imediata prontidão para serem consumidos, temperos feitos de especiarias ao molho e fé em ninguém, recebo-te aos bocadinhos, às pequenas peças, em pequenos detalhes.


saborear a amizade em goles curtos, mas de aroma distintamente único. reservar para ti o travo essencial, o gosto de provar devagarinho e, a pouco e pouco, conhecer o verbo descobrir[-nos].


*fotograma de for me and my gal.