[...] a imaginação é uma faculdade da alma, a alma é o que nos dá a vida, a vida acaba na morte, a morte faz-nos pensar no céu, o céu está por cima da terra, a terra não é o mar, o mar está sujeito aos temporais, os temporais atormentam os navios, os navios precisam de um bom piloto, um bom piloto tem prudência, (...) a necessidade não tem lei, quem não tem lei vive como bruta fera, e por consequência sereis condenado a todos os demónios.
[esganarelo, d.joão. molière, acto v, cena 2].
deixem-me em dias imaginados, na alma viva de memórias futuras, longe da vida moribunda, acima das nuvens, longe das ondas que arrastam o sonho.
se me quiserem nessas ondas, que me deixem guiar o navio, de audácia na proa, sem prudência, libertando a necessidade.
que me deixem atravessar essas ditas tormentas, ser bruta fera, fera em bruto, condenada ao desmoronamento dos anjos, ao erguer dos demónios.
*fotografia de joana linda.