segunda-feira, 30 de abril de 2012

o outro lado da Queima.



o país a quem roubaram a noite.



Neste país, em que já habitaram batalhas,
sobrevivem a ausência e a memória que a derrota convocou.

Depois das guerras dançadas em valsa lenta,
resiste, agora, a paralisia das horas.

Nos pés de quem nele sobrevive
- onde outrora se caminharam vitórias –
 inscreve-se uma paz descalça,
e a pele
– que outrora cobriu majestades –
usa mantos onde se confundem corpos com presenças.

Neste país, em que se improvisam hierarquias,
falta a noite para adormecer os medos.

Conta-se que
às árvores de fruto roubaram as raízes
e aos pássaros, a capacidade de voar.

Neste país a quem deixaram, apenas, o dia,     
todos as janelas dão para abandonos
e todas as mãos procuram, num desvio directo ao coração, agarrar futuros.

Aqui, neste país entre o céu e a terra,
escrevem-se linhas rectas em direcção ao que se pretende eterno,
adivinham-se sonhos,
vestem-se asas ,
mas os impérios, esses, estão apenas ao alcance dos olhos.


* poema para catálogo da exposição como se não fosse daqui, da pintora Helena Magalhães.



sábado, 28 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

o dia inicial inteiro e limpo.




* vinte e cinco de abril desenhado por Rosa Feijão. D'aqui.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Miguel.





‎"Sou de esquerda porque a minha mãe me proibia de deixar comida no prato, porque tinha de dar aos pobres a melhor prenda que recebia no Natal. Fui habituado à renúncia. E também sou de esquerda porque fui sempre um filho difícil, habituado a dizer não. O meu processo de afirmação foi contra".*



* ler mais aqui.

segunda-feira, 23 de abril de 2012





Sou cheia de manias. Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Raivosa, quando me sinto atacada. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser pagar o preço da manutenção, mude para um Passat.*





* Fernanda Young.

at last.




quando de um regresso nascem as palavras que constroem o nosso corpo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

te echo de menos, futuro.



«(...) sabe-se lá o que lhes iria acontecer no futuro, a felicidade das pessoas não é uma coisa que se fabrique hoje e de que possamos ter a certeza de que ainda durará amanhã, um dia encontramos por aí desunido algum daqueles a quem havíamos unido e arriscamo-nos a que nos digam A culpa foi sua. Marta não quis render-se a este discurso do senso comum, fruto consequente e céptico das duras batalhas da vida, É uma estupidez deixar perder o presente só pelo medo de não vir a ganhar o futuro, disse consigo mesma, e logo acrescentou, Aliás, nem tudo está para suceder amanhã, há coisas que só depois de amanhã,(...)» 

[in "A Caverna", José Saramago]

domingo, 15 de abril de 2012

babysteps.


a vida não presta para sonhar.
sou como o desassossego, não sei esperar.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

original soundtrack.


hang on to the things that you're supposed to say
billions of stars that open to your fate

cinematografia do quotidiano.


entre sonos e silêncios, sobram as legendas de um filme por estrear. é como viver num teaser constante, que espicaça e provoca, mas nunca nos oferece um guião.