quinta-feira, 30 de março de 2006

what comes is better than what came before.


oh I do believe
in all the things you say
what comes is better than what came before
and you'd better come come, come come to me
better come come, come come to me
better run, run run, run run to me
better come

and you'd better run run, run run to me
better run, run run, run run to me
better come, come come, come come to me
you'd better run*



*cat power, I found a reason.
fotograma de lost in translation.



não gosto de despedidas, disse-me.
não gosto de distâncias próximas, disse-lhe.
guardar-te-ei, disse-me.
longe do coração.
longe do coração, digo-te.


quarta-feira, 29 de março de 2006

caixinha cor-de-rosa.


tenho uma caixinha cor-de-rosa

onde guardo um antigamente sorridente
pendente
tenho uma caixinha cor-de-rosa
onde sou bailarina de música muda
surda
tenho uma caixinha sem côr, com dor,
de um rosa já apagado, de madeira trabalhada a ferro, a fogo
trabalhada a fome de fruto não fugaz
trabalhada a sede de som de silêncio
fechada a sete segredos,
sete chaves que dançam tempos felizes.

terça-feira, 28 de março de 2006

quarta-feira, 15 de março de 2006

I got love to kill.*


l'oiseau qui chante dans ma téte
et me répéte que je t'aime
et me répéte que tu m'aimes
l'oiseau au fastidieux refrain
je le tuerai demain matin.

jacques prévert, histoires.
desenho de rhode montijo.
*juliette lewis and the licks.

tardia, a morte é tardia. o [re]nascimento é ineficaz. nascer todos os dias mata. matar todos os dias mata. inevitabilidade, os dias são feitos dessa inevitabilidade que se chama morte.

quarta-feira, 1 de março de 2006

el infierno es este cielo.



o inferno é este céu feito de tecto branco, quatro paredes verdes de não-esperança, ausência de vida solar e de conversas entre olhares.
quatro dias a observar o céu sem estrelas, presa aos lençóis sem son(h)os, de estado permanentemente acordado e febril, de cabeça pousada na almofada envolta em palidez profunda, exaustão fervida a temperatura elevada e polvilhada com comprimidosdetodasascores.
mãos presas, corpo pesado. excesso de bagagem que limita voos tão simples como ambiciosos. a doença dá luz à paralização do corpo. nasce a inércia e a palavra sufocada.

o inferno é esta alcoba azul, de onde ninguém acorda, de onde ninguém se levanta para pousar os pés num chão a cores.


and the night sky blooms with fire
and the burning bed floats higher
and she’s free to fly.

caetano veloso e lila downs, burn it blue, frida ost.
pintura de frida kahlo.