sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
gone with the wind.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
history books forgot about us*
e o que elas me disseram eu guardo e semeio na epiderme da derme, e o que semeei cresce nos olhos, mas o que cresce nos olhos eu não consigo ver. eu não consigo ver, porque ouço mais do vejo e ouvi-a, ouvi-a a torcer o coração dela a um chão de distância, a sussurros vizinhos de músicas sem refrão. e eu não vi, porque ouvia o chocolate a azedar na boca de sonhos dela, no dia em que ela já não pôde gritar mãe! no dia em que ela quis desnascer, ir-se embora, sem ter de se ir embora. e eu não vi porque estava a ouvi-lo a estalar osso por osso, memória por memória, e o corpo dele a cair por terra, o ar a não encontrar a boca, a boca a não encontrar o alfabeto e o silêncio. a dor e o silêncio e a verdade ali estendida, à minha espera, à espera do meu grito e da minha pele a rasgar-se por ele. e eu não sabia mas estava cosida ao segredo e ao que os lábios encerram. elas não sabem, elas não sabem. elas despiam as castanhas e não sabiam, mas eu escrevi todas as ruas nessa noite. queimei os olhos e lambi as árvores à procura do sabor do bocejo de quem consegue dormir, despejei os sonhos no jardim de novembro e rompi as roupas de quem nunca gritou mãe!.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
fast as you can.*
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
nos entretantos.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
quarta-feira, 13 de junho de 2007
re.fuga.do.
há sempre o cinquenta e três e o botão branco,
a água da lavagem a entrar na esplanada e no balcão,
o trezentos e sessenta e cinco,
e as madressilvas.
[fotografia de amanda marsalis].
segunda-feira, 11 de junho de 2007
e eu disse-lhe.
fotografia de alice lemarin.
domingo, 3 de junho de 2007
domingo, 27 de maio de 2007
desmedir o corpo em flor.
faço jantar de sins.
sem velas,
mas de madressilva na mão e rosa da china no cabelo.
de coração pendente no fio do corpo,
para me lembrarem quanto tempo me faltou
para acordar
e dizer adeus aos meus sapatos velhos.
[je ne savais pas, mas j'ai un bouquet de chèvrefeuilles].
[fotografia de dorthe alstrup].
terça-feira, 22 de maio de 2007
once I wanted to be the greatest.
mas há segundos em que uma torrente de maus ocasos
de maus acasos
te impedem de seres matéria
pó
há dias em que és só o pó que restou do que, noutro dia
[noutro dia em que eras matéria]
pousavas os sonhos na mesa para todos verem
todos verem os teus sonhos.
sábado, 28 de abril de 2007
da semiótica e do amor.
sexta-feira, 20 de abril de 2007
quinta-feira, 12 de abril de 2007
em abril, águas de março.
trezentos e sessenta e cinco alfabetos reescrevem-se trezentas e sessenta e cinco vezes por trezentos e sessenta e cinco dias.
trezentos e sessenta e cinco sonhos a verde, amarelo e vermelho, sonhados por esta ordem cromática e por mais nenhuma. trezentas e sessenta e cinco mãos vazias de espera guardada na palma, de resposta aguardada na língua - não a minha, a outra.
e foram e são e serão tempestades de areias, fruto da erosão desses alfabetos aguardados há muito mais, tão mais, demasiado mais do que trezentos e sessenta e cinco dias.
segunda-feira, 26 de março de 2007
os domingos também embalam.
the way I'm forced to dream of you
and so you've won, I'll get the gun
[matt elliott, the guilty party].
foi o rosto semelhante sussurrado aos ouvidos alheios,
a viagem de ida sem volta,
ida sem porta,
a viagem de volta à ida.
sábado, 3 de março de 2007
the golden morning breaks.
*pintura de edward hopper.
domingo, 25 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
a m o r e s r e g u l a r e s.
os dias correm para os amanhãs,
nadam lá para frente, para o f u n d o, para mais, para melhor, para a costa alentejana e para o sol que assobia liberdades.
as roupas empilham-se,
escondem-se das gavetas, guardam-se na mala daquelas viagens, esperam pelo ponto de chegada, vestem a menina que teima em olhar para trás, para a superfície, para menos, para pior, para a casa moribunda e para o elipse que emudece o assobio, que canta a prisão corporal.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
riem-se o corpo e as palavras.
in scoop, de woody allen.
domingo, 14 de janeiro de 2007
we are accidents waiting to happen.*
respira fundo, até ao umbigo – princípio de ti. vais ver que regressas como serás. porque o que tu eras – tu foste? –, o que tu eras era um fim. é como aquela faixa dos calexico: começa pelo fim para dar início à melodia mais canção de sempre. lembra-me sintra e a promessa. vês agora porque insisti tanto em voltar atrás? porque tínhamos dito que voltávamos. e eu engulo as promessas – se não as cumprir, não digiro bem os dias seguintes.
sintra tem aquelas ruas estreitas que apertam as palavras. tudo se eterniza ali. até o medo. o medo dividido por nove – o número que queria ser redondo, mas não conseguiu.
não digas a ninguém – porque os segredos são para guardar no escuro -, mas não gosto de olhar para trás de ti. há lodo no cais do teu passado. gosto de olhar para onde apontam os olhos e de ficar à tua espera.
diz a toda a gente – porque os sonhos são para plantar à luz do dia – como é bom esperar-te quartaquintasextasábado, como é bom esperar-te naquelas semanas em que os dias estão colados ao fim-de-semana.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
when I wrote it down [they] couldn't see what was written.*
dizem que a caçadora de palavras nunca conseguiu caçar palavras felizes – é uma área restrita, disse-lhe o administrador, certo dia. ela nunca acreditou e, por isso, arriscou dicionários e enciclopédias, trilhando os caminhos recurvados das promessas e dos sonhos.
*matt elliott