A Eva.
Não tendo feito parte de toda a vida da Eva, sentirei sempre que (sempre) a acompanhei. Afinal, esteve connosco no princípio — e no fim. Pelo meio, houve encontros e desencontros (naturais de quem tem vários pais), mas sem nunca deixarmos descoser aquela linha que nos torna família. Nos primeiros tempos, que tive a honra de ver bem de perto, soube logo que a Eva seria um amor daqueles incondicionais: para começar, não era pessoa; para terminar, era a Eva. Uma vista privilegiada para alegria sem fim, uma vontade de correr mundo sem parar, uma lealdade impressionante e um carinho de nunca, nunca deixar de espantar. Neste último ano — o décimo oitavo —, pudemos perceber que toda a força tem um ciclo. Não só o da Eva, mas o do meu irmão, Miguel, e o da minha mãe, completos heróis de parco reconhecimento. Durante 365 dias, foram os seus membros e o seu coração. A Eva nunca deixou de ver o sol, sentir o vento no pêlo — e o pêlo na venta, que ser cadela de guarda tem dessas coisas —, dormir no aconchego da companhia de eleição ou ser olhada pelos olhos da ternura. Hoje, vai partir. E nós partimos um bocadinho com ela. Mas connosco — e com ela — fica a certeza de que foi e será família. Foi e será amor.


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