não vou dizer que a explosão não está iminente,
que os medos sobrevivem à água transbordante,
e os dois pulsos sufocam os dias presos por um pescoço.
não vou dizer que não espero por ti todos os dias,
que a verdade está guardada por um fio,
e o clamor fica por expulsar.
que a primavera acabou antes de alvorecer,
e o fruto caiu em terra trémula.
não vou dizer nada,
porque a língua calcinou as palavras,
e o incêndio levou-nos a boca.
*kate nash, mouthwash.
[fotografia de lina scheynius].
5 comentários:
Queria dizer muito, mas não tenho como... apenas, um sincero "adoro-te". *
fantástico, Martinha! Fantástico...
deixas-nos mesmos sem palavras...
as águas de abril afinal arrastam-se por maio e a redenção tarda em chegar. e a quaseexplosão, quaseespasmoincontrolável matura e torna-se um estado permanente entre a clausura de uma quasecómoda imobilidade e o quasedesejo fremente de uma ruptura não definitiva.quase,quase.vivement l'Été.
[suspiro]
se me vestisse de palavras...
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