segunda-feira, 7 de setembro de 2009

a fuga das palavras.


reza a história de que ela não deixava que as palavras passeassem na língua. era uma infracção muito grave deixar que elas permanecessem entre dentes durante um longo período de tempo. um dia, ela abriu a boca, num gesto de justiça, e as palavras fugiram. foi uma para cada seu lado, accionando o alerta de verdade-maior. assim que soou o alarme, afastou-se a maior parte dos ouvidos alheios e os que estavam mais próximos chegaram a ensurdecer. não ouviam nada. e como não sabiam ouvir, invertiam o gesto: falavam. falavam muito e de forma imperceptível. as palavras não se importaram. continuaram a ecoar nesses ouvidos moucos e foram felizes para sempre.

*foto retirada do peixe estranho, com o aval da plastessina.

3 comentários:

plastessina disse...

tudo isto está muito aprovado.

Anónimo disse...

mais-que-amora, anda cá fazer isso a umas certas pessoas, que eu preciso...

[a tua verificação de comentários, as letras tortas, dizem "laticalm". parece o nome de um medicamento. só podia né? e lexotan tá quieta.]

Anuska disse...

A palavra não se domina. E fizeste-o transparecer tão bem.